“A casa da saudade chama-se memória, é uma cabana pequenina em um cantinho do coração…” Eu li esta frase há alguns anos e desde então ela fez todo sentido para mim.
A saudade está lá, existe normalmente de acontecimento que não planejamos, que não construímos… Mas ela existe, é fruto de uma ausência que se faz presença dentro dos nossos corações.
Com o passar dos anos ela não diminui, aliás, aumenta! As vezes provoca lágrimas, e por outras pequenos sorrisos, de lembranças doces que aparecem em devaneios espontâneos.
Eu sinto saudade de abraçar, de dizer oi vô! Oi Vó! Eu sinto saudade de coisas específicas, singulares… Do arroz doce, do chá mate com pão no fim da tarde, do crochê, da cadeira de balanço, do abraço geladinho da minha avó…
Eu sinto saudade da gargalhada do meu avô comerciante, de sentar na calçada no fim da tarde, dele me dizendo que eu tava muito magrinha e precisava comer um prestígio (o chocolate, mesmo!). Eu sinto saudade do sorriso do meu avô aviador, do abraço forte, das mãos grandes, da alegria que ele transmitia porque nós estávamos lá…
Eu sinto falta do piano tocando, do meu tio me ligando para treinar o inglês, das poesias, dos sonhos, da casa de paredes coloridas, dos quadros… Eu sinto saudade dos meus amigos que se foram, de nossos momentos…
A saudade é palpável, mensurável, sentida a fundo. É triste quando a saudade dói, porque a dor aperta o coração, mareja os olhos, prende a garganta. A dor de perder um pai, uma mãe… Um filho… Essa eu não tive.
Mas me emociono com ela, e sei que a compreensão dos desígnios de Deus, é essencial para que ela se torne mais branda, serena, simples sentimento de saudade.
Quem sente a dor, deseja e sonha apenas com a saudade. Eu não sei o caminho redentor que pode levar um coração aflito para esta estrada, se soubesse compartilharia aos 4 ventos.
Mas tenho certeza, que o caminho existe, que ele está dentro de cada um de nós. É preciso coragem para encontra-lo, para conseguir que as fotos permaneçam pela casa, para que as lembranças possam ser partilhadas em conversas corriqueiras, para que a ausência seja física, mas a presença seja o bálsamo oriundo de pensamentos soltos e da alegria de ter vivido cada pequeno dia com aquele que tanto amamos…
É importante amar, é importante sentir saudade, é importante lembrar, mas é preciso encontrar um caminho para continuar, com fé, coragem, alegria… É importante ir, sobretudo, em frente! 


Maysa Leão