Um beijo gigante para a infância de outrora! Para aquele tempo sem plugs e versões novas de gadgets e aplicativos… Um beijo para quem brincava no quintal da vó, para quem tomava banho de mangueira, chupava cana no sítio do avô!!! Um beijo para quem comia gemada, não tinha medo de vitamina de abacate, subia no pé de seriguela, e fazia careta com o azedinho doce daquela conquista… 
 
Um Beijo para quem balançava na rede com toda a velocidade, para quem tinha medo de comer manga e tomar leite… Para quem sentava em baixo do pé de amora e só saía com o dedo roxo, e o estômago feliz! Um beijo para quem pedia benção, escutava história de espírito em volta da fogueira, e sabia que se brincasse com fogo, iria fatalmente fazer xixi na cama… 
 
Um beijo para quem falava sem parar, falava sem pensar, cantava sem cessar… Para quem era espontâneo, para quem era engraçado, para quem corria descalço, para quem pedia licença, para quem lambia a panela do bolo, para quem comia nega maluca ainda quente e nem ligava para a dor de barriga… 
 
Um beijo para quem sonhava em crescer, trabalhar bastante e ser gente decente que nem o pai! Um beijo para quem não se perdeu no filtro, na pose, no título… Para quem não faz tipo, nem se afoga no limbo digital, que disfarça o caos da vida real, que já não tem a melodia singela e sincera do passado não tão distante, quando o mundo era a rua, o bairro, o colégio, a vizinhança… 
 
Agora perdeu-se a fronteira, o referencial deu bobeira, e a gente não sabe mais para quem um beijo, se pode enviar! Então eu envio ao vento, um beijo de discernimento, para quem deseja, de verdade, se resgatar! E botar a cara a tapa pra dizer que tem defeitos, que é normal, que a vida não é sempre sensacional e que é exatamente a nossa pequenez que nos faz gigantes através do AMOR! O amor à DEUS, aos nossos, ao que não está necessariamente ao alcance do olhar fulgaz dos observadores digitais! Um beijo para quem ainda vive!!! 
 
Maysa Leão