O dia de finados em algumas culturas é celebrado com festa, quase um carnaval… No Brasil é aquele dia em que fazemos nossas orações, visitamos o cemitério, recordamos, choramos… Cada pessoa à sua maneira.

É difícil demais para quem está na flor da perda. É difícil para a minha “gordinha” que perdeu seu neto, assassinado há poucos dias na esquina de casa… Eu diria que difícil, é leve para uma mãe que perde o filho, brutalmente, injustamente… Chegamos a pensar que é impossível!

Impossível mesmo é medir a dor, defini-la, delimitá-la. Algumas pessoas entendem, possuem um discernimento a respeito da perda que envolve, crenças, conforto psicológico, maturidade e sei lá mais o quê. Outras simplesmente não superam, se perdem, se dissipam…

Eu sei que o mundo não pára, não há licença perda que baste, não há remédio que cure, que tire “a dor com a mão”. A cada pessoa que eu perdi, um sentimento diferente, uma saudade, uma lembrança… O que me acalenta é a certeza de que sempre que pude, eu disse: EU TE AMO! VOCÊ É IMPORTANTE PARA MIM!

A lição mais importante que podemos tirar da perda é o valor que devemos dar à vida. A preciosidade de podermos DAR UM ABRAÇO EM QUEM TANTO AMAMOS! O valor das palavras ditas, o sabor do beijo…

Um beijo na testa do afilhado, na bochecha do avô, uma bitoca no filho, um beijo apaixonado no amado… um beijo no rosto do irmão, 3 beijinhos eufóricos na amiga querida, beijos secos, molhados, grudentos, engraçados, exagerados… Beijo na mãe que manda a gente arrumar o quarto, a postura, a alimentação… Beijo no pai, que por pensarmos ser super herói, não imaginamos que um dia ele pode simplesmente não estar mais ali…

Nunca se sabe qual será o último momento, porque simplesmente a VIDA NÃO TEM PRAZO DE VALIDADE, NEM GARANTIAS! Nunca se sabe quando voltaremos a ver aquele por do Sol, então as vezes vale a pena parar o carro no acostamento e celebrá-lo.

Nunca se sabe se parar de falar com o irmão vai valer a pena, porque aquele irmão “errado” é o melhor do mundo depois que se vai, portanto lute para que ele o seja, enquanto ainda está aqui!

Que as palavras proferidas ao vento sejam de amor. Que paremos TUDO POR ANIVERSÁRIOS, BATIZADOS, CASAMENTOS, muito mais do que paramos para velórios! Que sejamos aquele que que liga, procura, marca, agenda, encontra… Dizem que este sente a dor de forma mais branda porque ela vem desacompanhada da CULPA DE NÃO TER VALORIZADO OS PEQUENOS MOMENTOS DA VIDA!

QUE HOJE SEJAMOS Mais viventes, mais intensos, mais felizes… não é enganar a dor, é celebrar a vida! Não é esquecer o amor que se foi, mas contemplá-lo, lembrá-lo, enaltecê-lo com aqueles que ainda podemos abraçar!

A vida é curta, mesmo aos 90 anos. É normal pensarmos que foi rápido demais, dificilmente teremos a consciência de que o vivido basta, foi suficiente, já chega! Então que seja intenso, que seja verdadeiro, QUE SEJA REAL! PORQUE O VIRTUAL NÃO É VIDA, É MOLDURA DA IMAGEM VIVIDA…

Maysa Leão