Eu sou Maysa Leão, uma cuiabana de 40 anos que sonha em deixar um legado, que orgulhe meus filhos Maria Eduarda (16 anos) e João Lucas (10 anos), meu marido Matheus, meus pais Paulo e Luzia, e todos aqueles que tenho a grata oportunidade de compartilhar o dom da vida. Sempre me pautei em estimular as pessoas que me cercam a acreditarem em seus sonhos, lutarem por suas bandeiras, e em especial tenho trabalhado para contribuir com o aumento da representatividade das mulheres em cargos de liderança na nossa sociedade, que costumeiramente não trata com equidade de oportunidades, homens e mulheres.
Sou a filha caçula de um casal de médicos e professores universitários, que se conheceu durante a faculdade na UNB, e que depois de casados, formados, e pais de primeira viagem do meu irmão mais velho e melhor amigo, João Paulo, vieram construir a vida na nossa amada “Cuiabrasa”, terra natal do meu pai, e terra do coração da minha mãe.
Tive uma infância marcada pela liberdade de ir e vir da década de 80, minhas lembranças são ilustradas pelas brincadeiras com meus primos e primas no quintal da casa da nossa avó. Minha bisavó costurava minhas fantasias de carnaval, minha mãe fazia gemada de lanche, eu corria pela rua, subia em árvore, brincava de boneca com sabugo de milho, meu pai cantava para eu dormir. Vivemos os melhores anos das nossas vidas conversando no fim de tarde nas calçadas da nossa querida terrinha do calor, cidade de povo hospitaleiro, verdadeira terra de oportunidades.
Estudei em escola pública até a quarta série, no Colégio Francisco Alexandre Ferreira Mendes, carinhosamente apelidado de “Baiaca”, onde tive a oportunidade de aprender na prática sobre as diferenças sociais que nossa terra “brasilis” possui. Meus coleguinhas eram filhos das faxineiras, merendeiras, domésticas, pedreiros, lixeiros… além dos filhos de moradores do bairro de classe média, em que a escola até hoje existe, e também dos professores da Universidade Federal de Mato-Grosso (meu caso), que ficava ali perto. Me lembro bem das dificuldades dos professores em lidar com a falta de recursos, com as carteiras quebradas, e a demora na chegada dos livros didáticos. Mas jamais me esquecerei da merenda gostosa naquela cumbuca azul do governo do estado, das aulas de arte, das músicas que ensaiávamos, dos mutirões para pintar a escola, e do quanto fomos felizes ali.
Foi desafiante me adaptar na escola particular, o ensino técnico estava muito à frente do que eu havia aprendido até ali, mas se eu pudesse escolher revisar a minha vida, teria vivido tudo de novo exatamente como foi, pois sei que a minha capacidade em enxergar a vulnerabilidade do outro, vem exatamente das experiências que vivi na minha infância. Aos 16 anos fiz intercâmbio nos Estados Unidos, terminei o ensino médio em Campinas aos 17, fui professora de inglês e entrei na faculdade de fisioterapia aos 18, tranquei a faculdade, e fui cursar medicina na Bolívia aos 20 anos, mas o país passou por uma crise nacional violenta, entrando em estado de sítio, e eu tive que vir embora. Aos 21 fui fazer medicina no Rio de Janeiro, mais precisamente em Nova Iguaçu, mas novamente o destino me revelou que eu ainda não estava no caminho que rumava ao meu grande propósito de vida. Minha faculdade foi interditada pelo MEC, as dificuldades em ir de Copacabana à Nova Iguaçu todos os dias, assistindo os recorrentes assaltos, e temendo a violência crescente daquela região, me fizeram perceber que era hora de voltar para casa, e minha casa sempre foi Cuiabá.
Aos 22 anos voltei a morar com meus pais, depois de anos morando em “república”, vendi meu carro, usei o dinheiro para abrir uma loja e como varejista comecei a consolidar minha vida profissional. Na minha loja fui faxineira, vendedora, compradora, vitrinista, estilista, empresária, gestora. Fiz faculdade de Moda, mergulhei com profundidade no universo empreendedor, participei de inúmeros cursos, conheci outros empresários e compreendi que CNPJs poderiam revolucionar o Brasil. Na minha equipe sempre entravam meninas que sonhavam em trabalhar na loja descolada da cidade, e saíam mulheres, treinadas e impulsionadas a acreditarem que poderiam ser o que quisessem. E hoje, todas elas são incríveis no que fazem, afinal bastava uma oportunidade para entenderem o poder de uma mulher obstinada.
Há 11 anos comecei a carreira de comunicadora digital, quando a internet ainda era “mato”, abri terreno com meu blog www.malacomrodinha.com.br, logo em seguida aconteceu o “boom” das redes sociais, que me conduziu ao profundo estudo e incansável atuação em Marketing digital, “storytelling”, “copywriting”, e todas as áreas que a era digital difundiu. Fui co-fundadora do Grupo IT, que durante 6 anos, promoveu o IT BAZAR, o maior bazar de varejo do estado de Mato-Grosso, que reunia durante 3 finais de semana por ano, cerca de 40 empresas, gerando empregos diretos e indiretos, além de promover um incremento no faturamento e divulgação das empresas participantes. Fui co-produtora do Festival Dançaí, que premiou a dança mato-grossense com equipes do estado inteiro, arrecadando, em suas duas edições, mais de duas toneladas de alimentos, doados a entidades filantrópicas locais.
Há 6 anos criei um método de alfabetização em marketing digital, www.somosdigitaisbrasil.com.br em que ensino pequenas empresas, empreendedores e profissionais liberais a alavancarem seus negócios e consolidarem sua autoridade através das redes sociais, tendo impactado mais de 3.500 alunos através de cursos, palestras, e atualmente mentoria online. Escrevi 2 livros em co-autoria no ano de 2019: “Atitude – Mude seus hábitos, mude sua vida”. E “Empreendedoras – Mulheres que revolucionam”, sendo que no segundo fui a organizadora da obra, e co-autora em conjunto com 19 empreendedoras do Estado de Mato-Grosso, que desbravaram caminhos em suas áreas, tornando-se referências de sucesso.
Atualmente sou mestranda em Tecnologias da Inteligência e Design Digital pela PUC-SP, acredito que o universo digital será cada vez mais parte indissociável da nossa vida. Sou uma grande impulsionadora e propagadora do acesso a informação de qualidade, para que mais pessoas possam integrar profissionalmente o ambiente da internet, fortalecendo a empregabilidade, o empreendedorismo, a inovação e a democratização do digital. Acredito que o melhor ainda está por vir, meu sonho é grande, e tenho certeza que se todos fizermos a nossa parte, construiremos uma sociedade menos desigual.
bjo bjo bjo!