Há muito tempo atrás em um mundo tão tão distante as mães compravam autoestima na feira. Todos os domingos elas saiam com suas sacolas de lona colorida e escolhiam tomates, cenouras, batatas, abobrinhas e bastante autoestima.
Chegando em casa a mãe zelosa logo ia adiantando o almoço, uma bela sopa com todos os ingredientes escolhidos a dedo. Sopa era mais fácil, afinal uma casa com 5 filhos tinha uma demanda pesada.  Mãe naquele tempo faxinava, lavava roupa, passava, cozinhava, cuidava de todo mundo e ainda conseguia costurar, bordar, tricotar…
Sentados à mesa as crianças comiam toda a sopa sem reclamar. Quem não comesse apanhava com vara de goiabeira e não havia psicólogo que tirasse a técnica do sagrado lar. Pronto! Todo mundo nutrido e bem resolvido!!!
Hoje ninguém toma sopa, o que se toma por aí é caldo de ervilha, abobrinha ou consomê de legumes… Invariavelmente em restaurante ou de saquinho de supermercado, e autoestima… Ahhhh esta já não se vende mais na feira!
Eu já vi autoestima em vitrine de joalheria chique. Eles até facilitam o pagamento em 10x sem juros, mas é preciso ter cartão Platinum para comprar e não se pode distribuir em casa.
Autoestima atualmente é um bem pessoal e intransferível. Por ser rara é demasiadamente cara e só pode comprar quem tem atestado de amor próprio! É exatamente aí que a coisa pega, porque este sentimento anda atrelado a uma tal aceitação global pesada…
Quantos amigos no Facebook, seguidores no Twiter e no Instagram uma pessoa precisa para se sentir “IN”? Porque mãe não consegue mais servir autoestima na sopa e vara de goiabeira dá cadeia… Então a coisa funciona assim: Ou você tem ou você não tem!
O pior de tudo é que de longe, no plano virtual, aparentemente todo mundo tem! Somos considerados a geração dos egocêntricos, do EU TENHO, EU POSSO, EU FAÇO, OLHA O QUE EU POSTEI HOJE…
O fato é que é tudo poeira superficial. Autoestima mesmo, auto-amor, auto-carinho, auto-dedicação quase ninguém tem. As pessoas procuram autoafirmação na opinião do outro. Precisam de um namorado para se sentirem felizes, precisam de um carro magnífico, um par de óculos fantástico, um sapato com a sola vermelha, uma bolsa com correntes, uma sapatilha bicolor e muitas fotos para se certificar de que todo mundo sabe o que se tem…
Não que eu seja contra o TER! NUNCA! Adoro coisas, me divirto com elas… Quando vejo um item-desejo na vitrine meu coraçãozinho consumista acelera de felicidade… Mas não são essas coisas que me tornam uma pessoa melhor, alguém a ser seguido, uma fonte de inspiração…
Minha mãe não teve 5 filhos, trabalhou a vida toda fora de casa, mas de certa forma eu ainda consegui ingerir minhas doses de autoestima na sopa! E vara de goiabeira? Arrepio só de pensar… Rsrsrsrs! Talvez foram as correções de chinelo que me fizeram entender que eu precisava SER ANTES DE TER qualquer coisa…
O que eu sei é que VOCÊ pode encontrar AUTOESTIMA dentro de você, em algum lugar perto coração, ao lado da consciência, totalmente grátis e livre de qualquer parcelamento. Para isso é preciso despir-se de pseudo-verdades, abdicar de muletas e encarar-se com AMOR!
Vende-se AUTOESTIMA “INSPIRED” na joalheria, porque a verdadeira não há preço que se possa pagar! 

Maysa Leão.