Eu cresci na Praça, sou do tempo que as pessoas sentavam com suas cadeiras de corda na calçada. Ali em volta todo mundo era família… Tinha o pessoal do seu Magalhães, a família do Rodolfo, a mercearia do “papai noel”, que diga-se,  era meu querido vozinho, o seu Zé! Seu Zé tinha um armazem onde hoje “Bomba” o Bar do Azeitona, e ali inaugurou os “trabalhos” de sentar à beira da PRAÇA POPULAR no fim do dia, nas tardes de sábado, as vezes até no domingo… Muita gente já jogou “carteado” com meu avôzinho barba branca! Ai, saudade… 
Eu fui criada na Praça, e me arrepio quando escuto pessoas dizendo: “Tem que tirar logo essa quadra e fazer vaga de estacionamento…” Pois vaga de estacionamento não tem história, não marca a vida de ninguém. Meu irmão e muuuitos meninos que hoje são homens formados, como dizia minha bisavó, jogaram bola ali. Foi ali que ricos e pobres se nivelavam por horas e horas, quando eram iguais. O “Bom” da praça não era o carinha que pagava o condomínio mais caro, era aquele que fazia mais gols… Ali a chuteira de grife, se misturava aos pés descalços e no fim de umas 15 partidas, eles faziam cota e dividiam TUBAÍNA, sentados na calçada em frente ao Democrata, que à época foi Los Pueblos… Quem se lembra do primeiro Los Pueblos?

Eu andava de buguinho em volta da Praça, fazíamos corrida de bicicleta e patins… saíamos da piscina e molhados corríamos para a Sorela para comprar sorvete na conta da mãe… É, naquele tempo tinha conta na padaria, forma de pagamento: “anota aí tia, depois minha mãe vem pagar!” 
Naquele tempo não tinha o CRACK, não tinha aqueles meninos-zumbis querendo cuidar do carro, querendo desesperadamente qualquer Real que lhes possa financiar o vício… Tinha é claro uns marginais do bairro, marginal é quem vive à margem e eles viviam, do lado de fora dos condomínios de luxo… É claro que nada justifica a vida-bandida, mas à margem tudo é possível, toda revolta é explicável, mesmo que não aceitável… É claro que era diferente porque a gente sabia o nome das figuras… Quem cresceu na praça se lembra bem do CABEÇÃO e do LINCON, que vieram antes do crack, que sucumbiram a ele e que morreram na cadeia… viraram pó!
Mas tentando esquecer o lado triste, NA PRAÇA EU FUI MUITO FELIZ! Andava a pé o tempo todo, ia ao Ballet, aliás todas as minhas amigas iam a pé ao Ballet Caroline, Ali do lado na 24… Hoje em dia ninguém anda a pé, parece que o asfalto é mais quente, que a Isaac Póvoas é mais cheia… Sei lá!
Na Praça eu comi o pastel do Max, sem medo de engordar, é daí que percebo que faz tempo mesmo! Meus avós amavam almoçar na Peixaria Cuiabano, que um dia anoiteceu, mas não amanheceu… A gente chorou… Mas era a modernidade, tinha que demolir tudo o que era velho, porque o novo precisava habitar ali! 
A PRAÇA POPULAR, A MINHA PRAÇA mora no meu coração e de muitos, eu sei… Ela não parece com engarrafamento, buzina, barulho, fila… Não que eu desejasse impedir a evolução das coisas, imagine Cuiabrasa sem o burburinho da sua PRAÇA MAIS POPULAR? Mas eu consigo fechar os olhos e sentir o cheirinho de pizza do choppiza (amarelinho), ouvir o samba de sexta-feira, ver meu avô e minha avô passeando de mãos dadas, meus primos correndo, pequenos e felizes porque nada é melhor que brincar na casa da vó… 

Para quem quiser ler mais sobre a Praça, tem um texto lindo do meu “amiguinho de prédio”, que hoje é advogado por formação-profissão e escritor por aptidão, Bruno Boaventura (acesse AQUI), amei!!!
LOOK DO DIA: Chapéu H&M, Óculos Ralph Lauren, Camisa EPAÇO HYPE, Shorte MARIA FILÓ, Sandália Espaço Fashion (6 anos atrás) e Bolsa Michael Kors by MARIA FASHIONISTA (mariafashionistaecom@hotmail.com)
Bjo bjo bjo no coração!